Acordo cedo, me arrumo para mais um dia de trabalho.
Sou segurança em uma Home Center, todos os dias vejo varias pessoas entrar e sair da loja. Às vezes, me pergunto o que elas fazem quando saem da loja e o que estavam fazendo antes que a fizeram chegar até aqui.
Bem, levarei minha esposa para o serviço junto a mim. Hoje é Domingo, vou precisar fazer extra, e não faz mal ela ver o que faço, assim ela pode ficar pertinho de mim.
Enfim chegamos, mas estranho o lugar assim que paro. A loja está escura, normalmente tem muita luz no lugar, principalmente pela quantidade de luminárias que existem na entrada... mas hoje é Domingo, acho que da para entender o paradão.
Minha mulher ficou no carro, consigo ver ela da entrada da loja. Às vezes penso que sou muito sortudo por ter ela comigo.
11:00.
Acabo de ver minha mulher se maquiar no carro. Chamo ela para conhecer a loja.
Ela esta com seu inseparável caderninho de anotações, digo a ela para entrar e ficar a vontade, olhar tudo com calma e paciência. Os olhos dela brilham e a vejo quase saltitar dentro da loja.
Ela está feliz, isso é bom...
Ela anda pelos corredores e a perco de vista na parte das cerâmicas.
Não me preocupo, afinal, ela está na loja.
As luzes piscam e as moças do caixa se olham em desconfiança, a porta principal começa a se fechar. Presumo que seja alguma falha na parte elétrica, aciono os outros dois seguranças para alertar o que ocorre.
Vejo uma movimentação extra na sessão das mesas.
O chão está completamente vermelho. As embalagens decorativas estão escorrendo sangue quente.
Olho para trás de um dos caixotes que acompanham as mesas e vejo a ponta da perna de alguém deitado... estou tremendo... coloco minha mão em cima da arma de choque.
Assim que chego perto o suficiente reconheço o rosto... Alana... minha gerente estava estirada no chão, morta... seu corpo estava quase que completamente desfigurado, com exceção de seu rosto que estampava um olhar de terror e um sorriso maníaco nos lábios.
Chamo pelos outros dois seguranças no rádio... não respondem...
Carla....
Olho em volta da loja procurando minha mulher, mas não consigo vê-la em lugar algum... começo a andar entre as sessões na esperança de encontra-la bem.
Assim que chego no setor de tintas, ouço um ganido alto e estridente. Sinto algo pingar no uniforme... olho para cima de vagar.
No alto das grandes prateleiras de ferro aparece uma figura grande e negra, a única coisa que consigo distinguir são os grandes dentes afiados.
Chamo por Carla e corro o mais rápido que posso para a sessão onde a perdi de vista e, quando chego, vejo ela no chão. Em cima dela tem uma daquelas coisas pretas.
Grito para deixar ela em paz. Carla reconhece a minha voz...
A coisa levanta o que parece um braço e eu pulo em cima daquilo enterrando a arma de choque na cabeça dele. Ele grunhe com uma altura absurda. Cambaleei para o lado derrubando uma prateleira de pastilhas de vidro, e ele pula.
Aquela coisa pulou mais de dois metros de altura em direção ao topo da enorme prateleira.
Carla está bem.
Levanto a minha mulher e corro em direção a saída da loja. Mas as luzes se apagam e ouço Carla gritar.
Tento segurar forte sua mão mas uma força maior a arrasta para longe de mim.
Sinto uma dor aguda nas costas e um barulho de algo cair e quebrar.
De repente as luzes se acendem e Júlio, o diretor, grita.
- CORTA!
Todas as luzes da loja se acendem e todos os funcionários da loja se reúnem para escutar.
- Porra André! Eu já falei pra prender a merda do microfone direito! Assim a gente nunca termina as gravações.
E pela terceira vez tivemos que recomeçar as gravações do filme:
"O Segurança".
Escrito por: Camila Nunes
De: Ler Pode Ser Assustador
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