Eu costumava ter o sono pesado. Eu fechava meus olhos, apoiava a cabeça no travesseiro, e quando voltava a abrir os olhos um segundo depois, já era dia. Isso era no passado.

  Uma semana atrás, quando estava indo para a cama, ouvi um barulho alto no andar de baixo. Ao descer para investigar, encontrei uma das janelas da sala de estar escancarada, e a lâmpada do abajur de uma mesa próxima caída no chão, estilhaçada. Soltei um suspiro alto e fechei a janela com cuidado. Peguei uma vassoura e uma pá de lixo, limpei a maior parte do que restou da lâmpada e joguei fora.

  Eu estava exausto a esse ponto, então subi cambaleando as escadas, de volta para o quarto, e para a cama. O calor do leito era reconfortante; eu estava completamente relaxado. É por isso que eu não entendia porque não conseguia adormecer. Como eu disse antes, eu tinha o sono pesado, especialmente quando estava cansado e queria dormir. Portanto, o que era aquilo que estava me incomodando no fundo de minha mente? Mantendo-me acordado.

  Foi então que os cabelos da minha nuca se arrepiaram e um calafrio aterrorizado percorreu minha espinha.

  - Você está acordado? - Sussurrou uma voz suave em meu ouvido.

  Eu congelei. Quem quer que estivesse falando, se encontrava tão próximo que eu podia sentir seu hálito quente na minha pele. Eu não reagi. Tentei ao máximo fingir que estava dormindo, esperando que aquilo me deixasse em paz. Após alguns minutos, não conseguia mais sentir a respiração, mas continuei imóvel.

  Não fiz nenhum gesto até o amanhecer. Eu nunca estive tão feliz antes de ver o primeiro raio de sol, na manhã seguinte. Eu pulei para fora da cama, me vesti, peguei as chaves do carro e saí pela porta da frente, tendo tempo o suficiente apenas para olhar para a mesa onde costumava haver um abajur. Eu dirigi até a casa do amigo mais próximo e contei a ele o que acontecera. Ele me garantiu que eu poderia passar algumas noites lá, e chamou a polícia por mim enquanto eu tomava uma xícara de café.

  A polícia me interrogou, como você deve estar imaginando, e eu lhes dei as chaves da casa para que eles pudessem procurar por evidências. Eles voltaram ainda naquela tarde para devolvê-las, dizendo que não encontraram sinais de que alguém esteve em minha casa.

  Não convencido, ou talvez apenas nervoso, eu passei o resto da semana na casa do meu amigo, retornando apenas no domingo. Ele se ofereceu para ficar comigo, mas eu afirmei que não precisava. Ainda assim, revistei minha casa cautelosamente, somente para ter certeza.

  Uma vez confiante, eu me arrastei de volta para a cama e fechei meus olhos para mergulhar no que eu esperava ser o primeiro sono agradável dos últimos dias. De repente, senti uma dor aguda em um dos lados do corpo. Apalpei meu abdômen para ver o que estava errado e minhas mãos ficaram cobertas de sangue.

  - Parece que você estava acordado. - Murmurou a voz.

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