O Jogo - Capítulo #4

[Tenha a certeza de ter lido "O Jogo - Capítulo #3" antes de ler este conto]

Me sentei em uma pedra enorme mais a frente do rio. Dali eu tinha uma visão das redondezas, não tão boa quanto seria estar em cima das árvores, mas muito mais seguro que lá em cima, com certeza.

- Tome seu banho mano, agora eu vigio. - eu disse.

- Ok. Você não vai subir na árvore?

- Não, eu tenho uma boa visão de tudo daqui, e não quero me arriscar com esses galhos fracos.

- Tudo bem então, mana.

Fiquei atenta aos arredores enquanto o Lucas se limpava no rio. Estava tudo tão calmo, tão silencioso. Tudo tão estranho... Sim, estava calmo demais, tinha algo errado aqui.

- Mana, está vendo isso?

- O que foi Lucas? - meu rosto e atenção foram voltadas a meu irmão. Ele me olhava de uma forma estranha, como se, como se estivesse impressionado comigo. Repeti: "O que foi?". Mas ele não me respondeu.

Então Lucas veio em direção a mim sem dizer uma palavra. Eu continuei a observa-lo.

Lucas caminhou até sair da água e parou na beirada do rio, nas pedras.

- Lucas, fala comigo porra!

Ele não respondeu, continuou parado ali, me observando. Me levantei e fui em sua direção.

Quando estava a poucos passos dele, a surpresa: algo brilhante como metal atravessou o seu peito e, instantaneamente, seu corpo foi ao chão. Eu cheguei no Lucas em um ou dois passos do que seriam quatro ou cinco me abaixei, virei o corpo do meu irmão e gritei de desespero:

- Lucas, Lucas! Responda, Lucas!

Ele olhou para mim, seus olhos brilhavam.

- Lucas! Não, não. Fica comigo mano, fica comigo! - eu chorava desesperada.

- Mana?

- Lucas, vai ficar tudo bem, vai ficar tudo bem eu prometo.

O brilho dos olhos de Lucas se foi e ele não me respondeu mais.

- Ele está morto.

Gelei. Lentamente movi minha cabeça em direção a voz. Era "ele". Fui tomada pela fúria e, sem pensar nas consequências, ataquei aquele mostro. Porém, antes que pudesse acertar um único golpe, senti uma forte dor na minha cabeça e, no mesmo instante, tudo escureceu.

Abri meus olhos... eu estava... estava de volta em meu quarto, deitada em minha cama. Meu corpo estava todo suado e tudo em minha volta estava normal.

- Um sonho? - pensei alto - Ai meu Deus, Lucas!

Corri até o quarto dele, abri a porta em desespero. Ele estava lá, na frente do PC olhando para mim com uma cara assustada. Corri até ele e o abracei, nos desequilibramos e caímos no chão.

- O que foi Bia? - ele disse enquanto eu estava por cima de seu corpo.

- Tive um pesadelo horrível! Havia um assassino que parecia mais um monstro, tudo estava tão diferente, tão louco e macabro e...

- Calma Bia, foi só um pesadelo, está tudo bem agora, está tudo bem! - disse Lucas me abraçando forte.

- Estou tão feliz que você está bem - disse ainda chorando.

- Eu não vou a lugar nenhum mana, eu prometo.

Lucas olhou direto em meus olhos. Seus olhos brilhavam tanto e eram tão lindos. Na verdade, ele estava tão lindo. Eu senti seu corpo estremecer e sua respiração falhar. Foi então que percebi que eu estava apenas de camisola e calcinha. E, além, senti um volume perto da minha virilha.

Quando me dei conta, já estávamos nos beijando. As mãos firmes de Lucas passavam por minhas coxas e apalpavam meu bumbum. Rapidamente eu tirei sua camisa e ele tirou minha camisola deixando meus seios a amostra. Lucas os apalpou carinhosamente e... levou sua boca até meu peito esquerdo...

Nós tivemos uma noite intensa de amor. Foi tudo tão bom. E então, eu adormeci em seus braços...

Ao abrir meus olhos, estava tudo tão escuro, que eu mal podia enxergar.

- Lucas? - chamei por ele.

- Ah, finalmente você acordou - disse uma voz estranha e desconhecida.

Me levantei num pulo, preparada para acertar quem quer que fosse o dono dessa voz desconhecida, e então, num puxar de cortina, a luz clareou tudo ao meu redor e eu pude ver onde eu estava:

Eu estava novamente naquele inferno, as paredes em sangue e pedaços mutilados de pessoas, tudo ao redor estava quebrado, mas eu não estava sozinha, havia um garoto desconhecido na minha frente, e ele me olhava com um olhar esperançoso.

- Quem diabos é você? - perguntei.

- Me chamo, Evandro. Te encontrei caída nas margens daquele rio. Você teve sorte, poderia estar morta ness-

- Espera - interrompi o garoto - Evandro? Evandro Silva?

- Sim! Como sabe meu sobrenome?

- Você é o garoto do conto que eu li!

- O quê? Como assim? Conto? Não me diga que... você veio parar aqui do mesmo jeito que eu e meus amigos?

- Sim, eu e meu irmão lemos um conto, e você estava nesse conto!

- Espera, como assim eu estava nesse conto? O conto que eu li era sobre outras pessoas e ninguém sobrevivia no final porque tinha um assassino e-

- Ele matou a todos. Sim, eu sei, foi exatamente o que aconteceu com você e seus amigos no conto que eu li. Você foi o último a morrer, dois dias após o seu último amigo ser morto.

- Espera... O último de meus amigos morreu exatamente há dois dias atrás, então isso significa que...

- Não. Eu não vou deixar você morrer. Mas primeiro temos que encontrar meu irmão. Ele estava dormindo aqui comigo e-

- Não. Você dormiu a noite toda sozinha depois de que eu te trouxe desacordada.

- O quê? Mas... mas meu irmão estava aqui comigo!

- Não, você deve ter sonhado isso.

- Mas então cadê ele? Não. Não, isso não pode ter acontecido mesmo. Não me diga que ele... que ele... - lágrimas de desespero começaram a escorrer em meu rosto.

- Infelizmente... havia um rapaz morto ao seu lado quando a encontrei...

- Não, eu não posso acreditar nisso. Ele estava aqui comigo, tenho certeza! - caminhei até a porta enquanto pronunciava essas palavras.

- Espera, onde você está indo?

- Vou encontrar meu irmão!

- Não pode, é perigoso demais lá fora, ainda mais agora de dia!

- Então o que você sugere que eu faça? - ela disse extremamente furiosa e com o rosto cheio de lágrimas.

- Eu não sei, mas não quero ter que perder você também... Você não sabe o desespero, a dor, a tristeza e a solidão que meu deu nesses últimos dias. Se ficarmos juntos, teremos mais chances de...

... Sairmos vivos daqui...

Continua