- Encontrei sua esposa.
Clara permaneceu parada. Quanto a mim, gelei. Senti um frio na barriga, mas não sabia dizer se era preocupação ou medo.
- Vem comigo. - Ele falou, rapidamente.
Clara levantou-se e já ia segui-lo, mas segurei ela por um braço.
- Espera! Eu não confio em ti. - Falei para aquele rapaz estranho.
Clara olhou para mim, como se suplicasse para eu não ser tão rígido. Olhei para ela - não sabia porque ela o protegia.
- Veja bem, senhor, - O moço se aproximou. - eu entendo que não queira confiar em ninguém e que está com medo. Mas agora não é hora para isso. Sua mulher está em perigo. E ela precisa de você.
Novamente eu olhei para Clara. Vi em seus olhos que ela mal conseguia falar. Eu precisava agir.
- Ok. Vamos lá. Mas se você aprontar algo, - Eu falava enquanto ele nos levava pelo corredor - eu prometo que...
Então ele parou. Estávamos na porta do quarto da minha filha que fica bem a frente do nosso quarto. Estranhei o fato dele demorar tanto quando procurou minha esposa, mas não tive muito tempo para pensar sobre isso. Ele pareceu tomar algum fôlego e abriu a porta.
Elisa estava sentada na cama, o olhar fixo para a televisão que fica em frente dela.
- Elisa! - Quase gritei e comecei a entrar no quarto, mas o rapaz estranho me barrou com um mão.
- Você não pode entrar.
- O quê?! Como assim, não posso? Essa é minha casa! É minha esposa!
- Eu sei, mas o quê está junto com ela não é.
- Junto com ela?
Ele olhou seriamente para nós.
- Acho que chegou a hora de algumas explicações.
- Agora?
- Sim. Vocês precisam saber.
- Precisamos saber o quê?
- Vocês foram amaldiçoados.
Precisei de um tempo para entender.
- Amaldiçoados? - Aquilo era inaceitável. - Que porcaria de explicação é essa?!
- Se acalme. Você não acha estranho tudo isso acontecer tudo agora?
Eu ia falar algo, mas emudeci.
- Vocês estão sob forte influência de algum ser muito poderoso. Na verdade, ele controla as coisas que estão vindo atacá-los.
- Como você sabe disso?! - Falei, ainda meio desacreditado.
- Porque eu sou um deles.
Nesse momento senti um frio percorrer minha espinha. Eu pensava que ele estava nos ajudando.
- Mas não se preocupe. - Ele continuou. - Não sou igual aos outros. Tenho meus motivos para.... Ajudar vocês.
Eu comecei a passar um pouco mal. Clara me ajudou a me manter de pé. Ele era um perigo para nós todo o tempo.
- Eu sei, devo melhores explicações. Porém agora, temos algo mais importante em mãos. - Ele falou, virando-se para Elisa.
Eu retomei minhas forças e fui em direção da minha esposa.
- Calma, você não pode entrar. Ela não deixa.
- Ela? Ela quem? - Perguntei.
- O espírito que a está perturbando. Eu já tentei falar com ela, eu juro, mas ela não quer de jeito nenhum ser um pouco mais coerente. - Ele olhava para o quarto, procurando algo. De repente, ele apontou para algum lugar aleatório e falou: - Você vai ver só uma coisa!
Ele virou-se para nós e disse, em tom de aviso:
- Vocês entrem lá e sejam rápidos. Assim que conseguirem pegar a Elise, saiam do quarto. Não parem por nada.
Não queria que Clara entrasse, então rapidamente entrei no quarto e cheguei até minha esposa.
- Elisa?
Ela não respondia. Parecia estar em estado de transe. Dei um sinal para Clara e peguei Elisa no colo.Quando me virei, olhei atentamente para o quarto. Mas não via nada de mais.
Cheguei no corredor e deixei Elisa sentada no chão. Suspirei aliviado e pensei novamente que aquilo que aquele cara falava era bobagem. Eu tinha que chamar a polícia sem que ele suspeitasse. Foi quando eu olhei para a cama novamente.
O anel de casamento de Elisa tinha ficado em cima da cama. Eu precisava pegar aquilo. Então entrei no quarto de novo.
Sai correndo, por algum motivo, e cheguei na cama. Peguei a aliança e tinha começado a voltar quando vi Elisa na minha frente.
- Amor?
De repente a garganta dela começou a sangrar e a encharcar todo seu vestido. Sua boca começou a abrir de uma forma que não parecia humana.
Então ouvi algo.
- Hey, psiu! - Era aquele rapaz estranho, que me chamava da porta.
Olhei para ele apavorado e vi minha esposa no chão sob os cuidados de Clara, que olhava para mim com medo e preocupação.
O rapaz chamou minha atenção de novo e falou, em um tom triste e de desapontamento:
- Você não deveria ter entrado.
---------------------------------------------------------------------------------
Muito boa essa serie!Esperando o proximo.
ResponderExcluirObrigado Janaina!
Excluir