Em qualquer cidade, em qualquer país, vá a qualquer maternidade hospitalar em que possa entrar. Encontre a área que se mantém os recém-nascidos. Deve haver uma enfermeira os observando através da janela. Se for um enfermeiro ou se qualquer outra pessoa estiver presente, deixe o hospital o mais rápido que puder. O Portador soube que alguém vinha. Se estiver com sorte, você permanecerá sem ser identificado e será permitido tentar de novo. Se não, bom, boa sorte evitando crianças pelo o resto de sua vida. No entanto, se apenas a enfermeira estiver presente, aproxime-se dela e pergunte: “O quanto custa dizer o que pensa?”. Se tiver feito isso, a enfermeira dará um suspiro e abrirá a porta para a sala dos bebês. Agradeça-a pelo por ter cedido seu tempo e entre.

Não importa qual era o tamanho da sala, agora ela será maior do que o imaginável, coberta por fileiras e mais fileiras de berços. Você notará que o último berço da sala está vazio. Vá até o berço mais próximo de você e verifique se há um cartão de identificação, se estiver fácil o bastante de encontrar. Se esses cartões não estiverem presentes, vá embora imediatamente. Se nada aparecer para impedi-lo, você pode tentar de novo após nove meses terem se passado, mas entrar em qualquer hospital antes que esse tempo tenha se passado o levará a um horror indizível. Se encontrar o cartão, notará várias coisas. O cartão terá o nome de alguém que você já havia conhecido e mais três fotos. A primeira foto é da pessoa da maneira de como se lembra dela, a segunda é uma foto de uma pessoa no principio da vida, e a terceira é uma imagem da pessoa após ela ter morrido. Se é isso o que viu, você saberá que é seguro continuar.

Esse portador é relativamente gentil, assim ele deixará que você escolha se próprio caminho por essa aventura, porém apenas uma vez. Os bebês nesses berços representam todas as pessoas que você já conheceu, contando desde pessoas que conheceu brevemente de passagem às pessoas que você mais ama. Elas são altamente inclinadas a sugestões e a pessoa que elas se tornarão é inteiramente baseado no que você dirá a elas. Seu desafio é ir a todo e cada um desses berços e dizer aos bebês o que eles se tornarão. Você é completamente bem-vindo a mentir para todos eles, para seu benefício ou azar, sem que você seja alarmado. Será até permitido que você saia e continue sua vida. No entanto, se fizer isso, estará desistindo de sua chance de recuperar qualquer Objeto.

Para continuar seu desafio, você deve descrever com astúcia que sabe sobre cada um deles, completamente ciente de que tudo o que falar estará à mercê de se tornar real. Isso pode não parecer muito difícil a principio, mas logo que contar a seus amigos e entes queridos sobre tramas que lhe causaram mal em seus futuros, você desejará acabar com sua própria vida por culpa. Se demonstrar essa fraqueza, o Portador ficará mais que feliz em te livrar de sua miséria... dolorosamente. Ele pode ser gentil, mas não pode tolerar pessoas que escondem a verdade.

Após ter conversado com todos os bebês, aguarde no berço vazio. Se nada acontecer, resigne-se por anos de vigilância sobre as vidas de todas as pessoas na sala sem que você esteja presente. A vida continuará a seguir sem você, e a morte apenas o clamará após a última pessoa que conheceu ter morrido. Infelizmente, essas pessoas viverão por muito e muito tempo.

Se um médico aparecer correndo com um recém-nascido, você saberá que fez certo. Ele deixará a criança e o cartão no berço e irá embora. O Portador está satisfeito com você, e está lhe oferecendo uma das escolhas mais misericordiosas que já lhe foi dada em suas tarefas pelos Objetos. Logo se dará conta que você é o bebê deitado no berço, e as fotos no cartão mostram você como o modelo do sucesso, você como um cadáver, e você como é agora. As fotos mostram as três ações que pode tomar.

A primeira ação atraiu muitos Seekers que sentiram que mereciam uma “recompensa” por tudo o que fizeram. Você pode dizer a seu eu infantil inúmeras mentiras sobre o que você é, e o que disser se tornará realidade e mais. Se sair pela porta após ter feito isso, você renascerá. Descobrirá que tudo chega a você na vida facilmente e que todo mundo almeja ser seu amigo. A verdade é que isso se deve porque essa é a única chance para eles de sentirem alguma medida de grandeza. Você rouba as habilidades e sorte dos outros para uso próprio, e eles são deixados com as consequências. Sua família será avassalada pela pobreza, tendo que pagar por suas muitas escolas e interesses, e seus amigos serão confinados a vidas muita mais que ruins do que eles mais poderiam estar vivendo. E é claro, isso significa não perder apenas o Objeto deste Portador, assim como também esquecer todos os outros Objetos. Esse desejo continuará consigo até que se torne um fardo pesado demais que tomará sua própria vida. Será enviado aos mais baixos níveis do Inferno para um tormento infindável. Afinal, você escolheu o caminho mais fácil. Sua vida toda foi uma mentira, mas sua pós-vida servirá como uma última verdade.

A segunda opção é matar seu “eu” recém-nascido. Essa é uma das poucas maneiras de escapar para sempre da danação pessoal dos Objetos. Por destruindo a você mesmo, pode ser até que ache válido uma pós-vida pacifica, já que seu sacrifício prevenirá que você cometa incontáveis outros horrores. No entanto, mesmo esse último presente do Portador vem com um preço. Alguém está destinado a vir depois de você, e essa pessoa certamente vai reunir a Eles.

A opção final é a única a qual o leva ao Objeto. Você não deve contar ao seu “eu” infantil nada mais que a absoluta verdade sobre si mesmo. Deve contar a ele tudo que ama e teme, todos os seus desejos negros e todos os seus segredos bem guardados. Não esconda nada, pois nenhum perigo pode vir a você a esse ponto. Finalmente, deve contar a si mesmo sobre os Objetos. Muitos Seekers ficaram loucos nesse ponto, conforme percebiam que não há ninguém para culpar por suas obsessões, já que elas são suas próprias culpas.

 Se você escolheu a terceira opção e foi bem sucedido, o médico virá ao quarto novamente. Ele lhe contará como a sinceridade é uma arma devastadora. Ele lhe contará sobre as pessoas que falaram o que pensam e foram punidas por isso, e sobre aqueles que caíram sob ruína e morte após descobrirem o que as outras pessoas realmente pensavam sobre eles. Após ele lhe contar isso, ele o motivará para que vá embora. Seria sábio obedecer.

Você se encontrará no corredor onde começou a tarefa. A enfermeira que o guiou estará segurando um bebê enrolado em um cobertor preto. Não tardará para que perceba que o bebê está morto. Ela lhe contará que o bebê se engasgou com sua chupeta, que o item que era intencionado para acalmá-lo acabou por matá-lo. Então ela lhe dirá que a sinceridade é similar. É uma faca de dois gumes que pode ser usada para consolar, mas também para destruir. E por fim, ela lhe entregará a chupeta daquela criança, lhe dizendo para sempre valorizar a sinceridade, “para o bem do médico”.

A chupeta é o Objeto 233 de 538. Não há ninguém para culpar a não ser si mesmo.

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