Caro senhor Todd,
Recebi recentemente uma carta do senhor e suas associações
sobre minhas descobertas na região meridional da África. Mal posso explicar
como fiquei eufórica em receber uma carta com o nome de Rockwell escrito nela.
Não estou certa se você soube, mas meu pai trabalhou com o senhor Rockwell há
20 anos, e é bom ver que ele ainda continua no ramo da arqueologia. Eu mesma
tive fotos de meu pai e dele por um tempo e foi uma surpresa agradável
compará-las àquelas que você me enviou. E o homem parece não ter envelhecido um
ano sequer! Mas estou me desviando do assunto.
O que encontrei nas profundas ruínas que descobrimos
próximas a Halib, na Namíbia, foi assunto de muitas discussões entre meu grupo.
Mesmo que a parte mais difícil tenha sido traduzi-lo, agora que conseguimos,
não somos capazes de entender muito bem qual seria o significado dele. O doutor
Strosset argumenta que seja baseado em um conto folclórico, enquanto o doutor
Maim sugere que nós simplesmente o traduzimos mal. Seja o que for, o objeto em
si é magnífico: um grande pedaço de obsidiana, bem no meio de um deserto. Bem,
para ser mais precisa, nós presumimos que seja uma obsidiana. Não podemos
disser com certeza no momento, porém, em uma semana, poderemos testá-la. A totalidade
das ruínas parece ser bem mais velha do que havíamos previsto. É possível que
tenhamos encontrado uma das mais velhas (e mais bem preservadas) estruturas já
feitas pelo homem! A pedraria em si, no entanto, ainda nos dá trabalho. Por
exemplo, ela parece ser de longe mais resistente do que uma obsidiana, já que
não conseguimos sequer quebrar um pedaço dela. E ainda, alguns de nossos
pesquisadores têm reclamado de leves dores de cabeça ao estarem próximos do objeto,
possivelmente exista algum tipo de irritação em torno da pedra.
Mas eu entendo que o
que está escrito na pedra seja de maior importância para você. Assim a
transcreverei aqui:
O sol negro acima de mim acende o céu vermelho.
Não posso sorrir.
Todos eles estão assistindo, e eu não posso sorrir.
Eles estão sussurrando, e eu ainda não posso sorrir.
Dois mil quinhentos e trinta e oito deles. E eu não posso
sorrir.
Por que não posso
sorrir?
Intrigante por si só, conforme escrevo esta carta, um grande
helicóptero acaba de aterrissar e eu fui informada que ele pertence à empresa
do Sr. Rockwell. Talvez eu deva simplesmente entregar esta carta a eles para
economizar na postagem! De qualquer forma, aguardo sua resposta e sua opinião
sobre o assunto.
Sempre sua,
Jessica Tolden.
P.S: acabei de lembrar. Por todos os lados das ruínas, o
número 1072 foi escrito repetidas vezes. Esse número representa alguma coisa
para você?
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