Vagner estava deitado na relva, esperando o amanhecer. Ele estava acordado há algum tempo. Na verdade ele mal conseguia dormir, mesmo protegido pelo círculo mágico que o cercava. Nessas noites que ele podia descansar, ele nem sempre conseguia. Pesadelos o atormentavam. Pesadelos com sua esposa e filha...

Vagner ficava olhando para cima. Nessas horas ele não tinha vontade de nada. Não queria sair dali. Não tinha vontade de viver...

Ele olhava o sol por entre as folhagens, e sentia o calor da manhã bater as vezes em seu rosto. Ele fechou os olhos, tentando esvaziar a mente, apenas escutando o silêncio...

- Você fica lindo assim. - Uma voz feminina, suave e doce, falou calmamente.

Vagner abriu os olhos. Ele sabia que uma voz estranha assim de manhã não poderia ser coisa boa. Ele olhou para o lado viu a dona da voz.

Ela estava sentada numa pedra. Apesar do corpo feminino, dava para ver que não era humana pela sua perna de animal que estava dobrada por cima da sua outra, feita de bronze.

- Tentei entrar nos seus sonhos, mas você não estava dormindo não é? - Ela falou, enquanto seus cachos ondulavam, parecendo chamas ao vento. Ela levou a mão que estava por cima da perna para sua boca e contornou seus lábios inferiores com as garras afiadas que ela possuía. Seus olhos vermelhos encaravam Vagner, como se esperasse pela próxima atitude que ele teria.

"Uma empousa. Esse ser é perigoso para mim. Nunca pensei que meus pesadelos pudessem ser úteis algum dia", Vagner pensou, "Eles evitaram que fosse pego. Ela não poderia me machucar dentro desse círculo, mas poderia fazer que eu saísse dele através dos meus sonhos."

Vagner ficou encarando-a. Era um momento delicado. Ele sabia que estava em desvantagem. Ele não sabia quanto tempo ela tinha tido para preparar qualquer que fosse a armadilha que ela tivesse preparado.

- Sabe, - a empousa foi levantando-se, sem tirar os olhos de Vagner - eu geralmente gosto de acabar com tudo rápido. Esse tipo de trabalho me satisfaz. Mas tem algo em você que me intriga. Algo que me faz querer gastar mais tempo contigo. 

Vagner a observava, esperando por algum momento de descuido. Mas a empousa era habilidosa, e sabia que seu inimigo também era. De fato, ela parecia estar um passo a frente de Vagner em todo movimento que fazia. 

- Primeiro você escapa do meu controle dos sonhos. Tudo bem, percebo que é porque de fato você não está dormindo. Só que aí quando eu falei para você e você olhou pra mim, percebi que meu controle de mente não funcionou, e então realmente fiquei intrigada. Que tipo de humano é você?

Vagner a observava caminhando. ao seu redor. Ele permanecia sentado, completamente dentro do seu círculo.

- Apesar de meu controle da mente não ter funcionado, - a voz da criatura se tornou mais sedutora. - pude ver as mulheres da sua vida... - Ela finalizou a frase sorrindo.

De repente, sua face mudou. Vagner observou, com misturas de sentimentos, o rosto da sua ex-esposa aparecer. A criatura começou a tocar seu próprio corpo, a fim de causar algum sentimento explosivo em Vagner. Mas ele ficou firme. Sabia que poderia aguentar aquilo.

Mas não o que viria em seguida. 

Não.

Ele definitivamente não estava preparado para o rosto dela. 

E quando a criatura mudou para o rosto da sua filha, Vagner em um momento descuidado e não esperado, pulou para trás, caindo na fria grama que cobria o campo. No mesmo instante a empousa avançou rapidamente e em direção de Vagner, com suas garras a mostra.

Vagner cobriu os olhos.

De repente, o chão abaixo da criatura movimentou-se tão rápido quanto ela. Uma armadilha preparada por Vagner, na noite anterior para pegar algum animal ativou. A empousa desequilibrou-se e bateu com a cabeça no tronco de uma enorme pedra que estava por perto. Atordoada ela viu Vagner levantar-se e aproximar-se dela:

- Vou ensiná-la a nunca mais brincar comigo, seu monstro.

A criatura deu breve sorriso. 

- Finalmente conheço sua voz. 

Em seguida ela deu um guincho terrível que fez os tímpanos de Vagner arderem. Ao longe, então, ele ouviu mais, muito mais, guinchos tão terríveis quanto. Ele não tinha tempo para perder ali.

Num gesto de desprezo, ele pegou suas coisas rapidamente e começou a correr daquele lugar. 

- Nos veremos ainda! - A empousa gritou, de forma doída, mas divertida.

- Não se depender de mim! - Vagner esbravejou ao longe e, num gesto rápido, atirou com sua espingarda. Ele sabia que não poderia deixar uma criatura que soubesse sua fraqueza ainda viva. 

Seu tiro saiu torto e espaçado, mas ainda assim ele viu a empousa guinchar terrivelmente, levar as mão à cabeça e cair no chão. Vagner não sabia se ela tinha morrido, mas ele não tinha tempo para parar. Ele tinha não mais que alguns minutos antes que a legião de criaturas chegasse naquele lugar.

Então Vagner fugiu, deixando para trás aquele lugar. Seus olhos se voltaram rapidamente para o céu que havia acabado de nublar. O tempo estava mudando.

Quando criança, sua filha chorava quando tinha tempestade e chovia muito forte. 

" - Meu amor, é só água que cai do céu...

- Mas papai, ela me dá medo. Ela me dá pesadelos.

- Filha, eu estou aqui contigo. E sabe o que eu faço quando eu tenho pesadelos? Eu abraço beeeeem forte quem eu amo e ele logo vai embora. Quer tentar? 

A filha sorriu e abraçou o pai."

Naquele instante, começou a chover pesadamente.


Revisado por: Rogers

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Um comentário:

  1. Aeeeeeooooollllsss o Rogers voltou com a minha série favorita, ela continua excelente como sempre irmão tá de parabéns!

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