Na décima quinta noite de qualquer mês, vá a um porto. Não importa qual, mas se não puder ouvir as ondas quebrando na margem, você jamais escapará. Sinta-se a vontade para gritar e se estrebuchar. Se conseguir ouvir, então siga para as docas. Lá haverá um barco de porte médio, encostado a entrada do corpo de água. Antes de entrar, veja se tem uma luz na cabine. Se não houver, dê meia volta e não olhe para trás. É escuro ali por uma razão.

 Se houver uma luz, continue adentrando o barco. Siga para a cabine, mas ouça atentamente, se não estiver mais ouvindo a água, diga bem alto “Estou aqui para provar meu valor!”. Se o som retornar, siga em frente. Se não retornar, prepare-se para um destino muito pior que a morte.

Por agora, perceberá que tem andando por um tempo muito mais extenso do que a espessura do barco. Apenas continue andando sem parar. Você deverá ver uma entrada eventualmente. O chão ao retorno da entrada terá uma fina película de água que parece parar em uma parede invisível. Bata três vezes, nem mais, nem menos. Se ouvir o navio grunhindo em protesto, fuja. Corra o mais rápido e forte que puder, já que terá de escapar do poder do próprio oceano. Se tudo for silêncio, você poderá abrir a porta.

Dentro da sala parecerá que está completamente submerso na água, mas você será capaz de respirar facilmente. Ao centro da sala haverá o que parece ser uma concha. Ela é tão alta que quase alcança o teto e tão larga quanto à espessura de uma mesa grande. Sobre uma inspeção meticulosa, poderá ser perceptível que a concha é feita do que parecem ser ossos humanos entrelaçados uns nos outros. Este será seu destino ao menos que questione em alto e bom som: “Como alguém pode coletá-los?”. Saindo da concha virão tentáculos em tons tanto gloriosos quanto amedrontadores. O Portador tentará dissuadi-lo de ouvir, mas você tem que ouvir atentamente a cada palavra que Ele proferir.

Ele lhe contará como é impossível a tarefa de coletá-los, o quão miserável criatura você é, e assim por diante. Ouça com um coração endurecido, já que ele o puxará sua vontade até o ápice de seus limites. Assim que você estiver prestes a quebrar, os tentáculos coloridos retornarão a concha mais rapidamente do que você é capaz de piscar.

Ele então começará a falar sobre feitos inimaginavelmente impossíveis e falhas devastadoras. Falará sobre as dificuldades de separação dos Objetos e da fúria com a qual Os Portadores os protegem. Contará sobre a persistência dos Seekers e a paixão que eles possuem por encontrar Os Objetos.

Ele terminará por lhe fazer uma charada.

Essa charada é o suficiente para destruir a mente de um homem comum, mas você tem que respondê-la corretamente. Assim que descobrir a resposta, o Portador apenas grunhirá como resposta. Os apêndices serpentários do Portador rapidamente se atirarão por toda a extensão da sala. Você deve se virar e fechar os olhos o mais rápido que puder, pois a forma que o Portador adquiriu é impossível de ser entendida por uma mente mortal e a levará diretamente à loucura.

Assim que ouvir o barulho de vidro se quebrando, é seguro abrir os olhos. A sala terá secado e faltará a textura de água que continha há apenas alguns minutos. Vire-se e verá a concha do Portador se encolhendo. Você pode pegá-la com apenas uma das mãos, e ela brilhará com uma cor tão indescritível que o levará às lágrimas. Esta luz não cessará até o dia de sua morte.

O brilho é o Objeto 782 de 2538 e lhe entregará a luz e a reserva de encontrar os outros. Entretanto, esteja avisado, por esse ser o mesmo brilho que poderá guiá-lo por caminhos tortuosos.


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