Vagner há muito deixou de ser um cara sociável. Ele evitava contato com outros humanos sempre que possível, sempre se mantendo em movimento.

Mas, certa vez, por algum motivo, Vagner resolveu pegar um ônibus.


Ele havia parado sem querer em uma cidade muito movimentada. Ele juntou alguns trocados e comprou uma passagem. A moça da bilheteria o olhou com nojo. Ele estava fedendo. Não a culpou. Ele sabia que estava assim. Na realidade, ele procurava não pensar muito nas pessoas. As vezes elas podiam ser tão estúpidas que ele poderia repensar suas prioridades de segurança.

Mas não foi o que aconteceu. Naquele dia uma outra história o aguardava.

Quando Vagner entrou no ônibus, ele sentiu-se aliviado duplamente. Primeiramente, porque o ser que o estava perseguindo estava chegando, mas ele havia saído do lugar justamente na hora.  E depois, porque o ônibus estava praticamente vazio. Menos incômodo, menos perigo.

Entretanto, durou apenas duas paradas. Na terceira, algumas pessoas que precisavam cruzar a cidade se juntaram a ele. O dia, que antes estava acabando, por fim resolveu se escurecer de vez.

E isso não era bom.

O cheiro ruim que ele exalava o ajudava a manter longe as pessoas, e, as vezes atrair certas criaturas.

Só que não adiantava muito dentro de um lugar fechado, além de piorar as coisas.

Ele viu um garotinho apontar pra ele, e a sua mãe o escondeu debaixo do braço.

Vagner começava a ficar impaciente.

O menino apontou novamente para ele e disse algo para a mãe, que o xingou veementemente e o puxou pelo braço.

Vagner franziu a testa. Após alguns segundos ele percebeu:

O menino não apontava pra ele.

Vagner virou-se lentamente e então...

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Vagner caminhou normalmente até o motorista, que havia parado o ônibus porque alguém puxou o cordão.

- Quero descer. Obrigado. - Vagner disse, secamente.

- Tem certeza? Aqui é uma região muito perigosa essa hora da noite.

Mas Vagner não disse mais nada. Ele desceu e ficou sozinho na rua vendo o ônibus avançar até o semáforo à sua frente.

Foi ai que ouviu um sussurro nas suas costas.

"Eu observo você."

Vagner não se mexeu. Ele a tinha visto na janela de ônibus. Provavelmente escolhendo alguém para atacar. O escolhido era o menino. Mas Vagner a via também, e por isso ela não esperava. Então ele a provocou saindo de lá.

Esperou para que sentisse uma pequena brisa característica no seu ouvido, e virou-se rapidamente, com sua pequena adaga em mãos, e a cravou exatamente no peito da criatura sem olhos que ali estava.

- Uma Observadora... - Vagner falou baixinho.

A criatura começou a guinchar de dor, enquanto Vagner a olhava. Porém após um tempo ela começou a rir. E riu de uma forma assustadora, até mesmo para Vagner. Segundos após, a adaga caiu no chão, com o ser aprisionado.

Ele a recolheu, e virou-se novamente para o ônibus, no momento que ele virava uma esquina duas quadras adiante.

De relance, ele viu algo entrando no ônibus pela janela.

Vagner ficou alguns segundos parado ali na rua. Por fim, guardou sua adaga e olhou ao redor.

Faltava apenas mais algumas ruas para o fim da cidade.

Ele podia ir a pé.


Revisado por: Rogers

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2 comentários:

  1. Noooo velho achei da hora interligar um conto antigo no seu, tem muita coisa boa aqui na LPSA que dá pra aproveitar pra sua creepy!
    Que CARALHO de risada foi essa?! pokASKOapkosPOKASPOKaskpoKAOPS

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    1. Minha intenção é essa Heitor! Obrigado pelos comentários!

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