07\10\2004

Jennifer, amigos e família do Mark.

Como prometido, aqui estão as cópias das correspondências mandadas por Mark ao longo do último mês. A maioria delas eu apenas copiei e arquivei na aplicação do meu email.

Como vocês lerão, ele me pediu isso, na esperança que vocês entendessem melhor por que ele fez o que fez.

Eu criei este site porque é a maneira mais eficiente de compartilhar os emails de Mark com todos vocês. Não estou advertindo isso a ninguém. Mas, eu acho que seria melhor passar esse URL adiante para qualquer um que possa ajudar com a investigação. Conforme vou coletando informações, de várias fontes, vou atualizando este site para manter uma documentação apurada. Manterei esse link ao final de cada série também.

Se precisar falar comigo, Jen tem meu número. Obrigado por sua paciência e, mais uma vez, estou profundamente arrependido.

- Eric.

Quem é Mark? O que ele fez? Tudo que posso lhe dizer é que envolve uma casa. E essa casa seria...

A Casa Dioneia.


Começa com um artigo de jornal. O email neste conto tem sua data e horário registrados. Segunda-feira, 6 de setembro de 2004 às 8:17 da manhã. Nele, Mark Condry contata Eric Heisserer, nitidamente pela primeira vez em muitos anos. Após um pequeno papo introdutório, Mark chega ao coração da questão: Ele está mandando um email porque recebeu um jornal no correio sobre alguém chamado Andrew – as vezes encurtado para Drew – que ambos Mark e Eric, junto a outro amigo chamado Travis, costumavam ter noites de jogos de tabuleiro, quando todos eles ainda viviam em Houston.

Mark disse que ele havia se esquecido inteiramente de Andrew até receber aquele jornal – talvez Eric tenha recebido um, também? – e isso o está atormentando. “Você já ouviu falar sobre isso?”, Mark continuou a dizer que tentaria entrar em contato com Travis e outro cara chamado Dave, e que ele gostaria de falar com Eric sobre o que pode estar acontecendo.

Em seu email seguinte, Mark transcreveu o seguinte artigo:

PISTOLEIRO ATIRA EM DOIS E SE MATA EM RESTAURANTE BOISE

Pessoas que almoçavam no Roadside Breakfast Café, no Interstate 84, fugiram em pânico para o estacionamento ontem, durante a tarde, quando um homem entrou e começou a atirar nos fregueses, matando dois.

O casal – John e Lucy Madson – estavam almoçando quando o jovem de 26 anos, Andrew Hughes, entrou, carregando uma pistola Smith and Wesson 59, de acordo com a polícia. Testemunhas disseram que o infrator estava murmurando consigo mesmo enquanto se aproximava da área de fumo e abriu fogo na primeira cabine ocupada, ferindo fatalmente os Madsons. Logo após, ele voltou a arma para si mesmo.

Todos os três foram socorridos por paramédicos e levados ao St. Alphonsus Regional Medical Center, onde John Madson e o atirador foram dados como mortos. Lucy Madson, 37 anos, permaneceu em estado crítico por várias horas, mas não sobreviveu até a noite. A polícia está investigando o trabalho e a vida pessoal de Hughes, no entanto, até o momento, o motivo do ataque é desconhecido.

O que Drew estava fazendo em Boise? Com uma arma? Mark não sabe, mas o está enlouquecendo. A resposta de Eric – citada no próximo email de Mark – perguntou a Mark se ele já pensou que tudo não poderia ser uma pegadinha muito bem elaborada. Ele pensou, Mark disse, porém, ele ligou para o hospital Saint Alphonsus para checar se um paciente chamado Andrew Hughes havia dado entrada.

Ele o encontrou como um “DOA” (sigla para “dead on arrival”, “chegou sem vida”): 28 de agosto. Ferimento de bala na cabeça. Considerado morto às 3:14 da tarde. Mais a fundo, Mark se deu conta que mais alguma coisa o estava irritando: pouco depois de Andrew ter parado de aparecer na noite dos jogos, o padastro dele pediu para que ele ficasse dentro de casa por 10 dias enquanto o padrasto e mãe viajavam. Drew não queria fazer – alguma coisa na casa o incomodava (“É muito gelada”, ele dizia) – e mesmo que tenha pedido se algum de seus amigos poderia ficar em casa com ele, ninguém aceitou. A primeira noite de jogos que Andrew apareceu após esses 10 dias, ele falava apenas com citações – Mark descreveu como se tivesse uma televisão ligada, as frases eram exatamente assim.

Alguma coisa mudou Andrew nesses 10 dias, mas nenhum deles nunca descobriria o quê; ele sumiu da face da Terra pouco depois disso.

No domingo, dia 12 de setembro, Mark informou a Eric que ele tinha intenção de dirigir até Houston para ir investigar a casa em que o padrasto de Andrew o fez vigiar. Naquela quarta, ele deu um jeito de conseguir o endereço. Na quinta, ele foi conferir: não estava muito bem mantida, e não conseguiu entrar, porém, conseguiu conversar com um vizinho. Aparentemente, a casa pertenceu a uns clientes do padrasto de Andrew, mas eles não ficaram lá por muito tempo: após uma variedade de problemas de aquecimento e na energia elétrica, eles foram embora numa RV, deixando a maior parte de seus móveis para trás.

Os nomes dos clientes eram John e Lucy Madson.

Após acusar Eric de ser o dono da razão por causa de tudo que descobriu, Mark seguiu para Boise. Um jornalista revelou que durante o curso do tiroteio, Drew esteve ouvindo o cântico “A porta está aberta” (“The door is open”) repetidamente sob sua respiração. Mark deu um jeito de conseguir informações de um contato de um parente próximo de John Madson – seu primo, Greg Archer. Archer revelou algumas coisas sobre os Madson: aparentemente, eles chegaram à Houston com a intenção de ficar – de ter um futuro ali. Mas, após as coisas começarem a dar errado para eles - pequenas coisas que se acumularam: inúmeros pneus furados, Lucy quebrando uma estatua, problemas em receber cartas – eles se cansaram e foram embora. Eles tiveram vivido como nômades por 5 anos desde aquele incidente, até que seu RV quebrou, a essa altura, John Madson chamou Archer e perguntou se poderia ficar em sua casa por alguns dias. Eles mantiveram a porta de seu quarto em uma barrigada enquanto estiveram por lá, a luz sempre acessa, e eles sempre dormiam com um punhado de cachecóis de lã, não importando o quão quente estivesse.

No dia 21 de setembro, Mark contou a Eric sobre um documentário que assistiu no Discovery Channnel sobre “venus flytrap” (uma espécie de planta carnívora) que atrai suas presas antes de devorá-las. Ele se perguntou se é disso que se trata toda essa coisa – o artigo no jornal, a investigação – a intenção de ser: uma maneira de atraí-lo. O nome técnico? Dionaea muscipula.

Quando Mark teve acesso aos pertences pessoais de Andrew, ele encontrou inúmeras carteiras de motorista de vários estados, mas, na de Idaho, encontrou um endereço. Ele foi checar. E a casa? É exatamente a mesma de Houston.

Em torno da hora seguinte, Eric recebeu uma série de mensagens de texto de Mark, detalhando suas investigações a casa. Ele encontrou uma maneira de entrar, e o ar é frio e cheira a ferro. Encontrou uma escada para o segundo andar, apesar de ele não ter visto que havia um segundo andar pela rua. O designer da casa o confunde, há muitos e muitos quartos. Achou uma porta de metal que não abre, então ele continuou a investigar outros cômodos, ao mesmo tempo em que encontrou a mochila de Drew. Assim, ele ouviu barulhos; havia mais alguém ali? E, inexplicavelmente, às 17:55 horas: “A PORTA ESTÁ ABERTA”.

E aí: nada. Mark desapareceu.

Continuando na sexta, dia 1 de outubro, Eric recebeu um jornal detalhando terem encontrado um braço humano e ossos de perna em uma rua em Scottsdale, AZ. O remetente não foi identificado. Eric se recusou a morder a isca: “Isso termina aqui”.

Mas, não parou ali.

Eric continuou atualizando o site – até que ele também foi forçado a ir embora e desaparecer. De acordo com as informações na página de update, os Madsons, Andrew e Mark não foram os únicos a caírem nas presas da Casa Dioneia, deve ter havido outros. Muitos, muitos outros. Nós podemos apenas imaginar o que aconteceu com eles.

Mas sabe, adivinhe? É tudo completamente fabricado.

Eric Heisserer, você sabe, é um roteirista especializado em filmes de terror. Antes que escrevesse os roteiros de 2010 para o remake de A Nightmare On Elm Street (“A hora do pesadelo”), de Final Destination 5 (“Premonição 5”), e o remake de The Thing (“A Coisa”). Heisserer escreveu uma pequena história epístola (segundo o Wikizionario, “epístola” é uma composição poética em forma de carta) chamada “The Dionaea House” (“A Casa Dioneia”) e a inseriu na internet. Foi essa a história responsável por lançar sua carreira como roteirista, ganhando atenção de empresários de alto cargo da Warner Bros. É de alguma forma infortuno que esses três filmes mencionados não possuam a mesma originalidade de “A casa Dioneia”, mas, novamente, ele tem trabalhado tanto em remakes quanto em franquias já estabelecidas. Eu não sei quanto a vocês gente, mas eu adoraria ver o tipo de script que ele poderia fazer se fosse deixado de acordo com suas próprias artimanhas.

De qualquer forma, tome cuidado se acontecer de você observar qualquer piso em sua casa que não sabia que havia ali.

*Segundo descrição do “Wikizionario”, Dioneia é uma planta carnívora americana cujo nome científico é Dionaea muscipula.

Tradução Livre por: Bruna Gonsalez
Texto original escrito por: Lucia Peters

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