Nome Completo: Reyna Salvatore
Idade: 16
Data de Nascimento: 13/10/1995
Nasceu em: Veneza - Itália
Atualmente está: Hospício Santa Angela, São Paulo - Brasil
Condição Física: Magra, 40kg, altura: 1, 75
Características: Inocente, Esquizofrênica, Observadora, Superdotada (embora não demostre sua inteligência) e Frágil
Se encontra: Desesperada e tentando escapar do hospício
*Antiga Ocupação: Antes de enlouquecer, era estudante.

Abri os olhos para a imensidão branca da solitária. Movimentei a cabeça para os lados, mesma sabendo que só veria branco novamente.

Me lembro bem de quando vim parar aqui. Eu tinha nove anos. Meus pais sempre juraram que nunca me abandonariam, que eu sempre seria a coisa mais importante pra eles, que nada me faria mal. Agora, observe onde eles me colocaram. Num hospício, numa solitária, numa camisa de força. Sete anos nesse inferno. E por culpa de uma doença que não existe! Eu não sou louca!

Olhei para frente. O grande espelho que estava ali me refletia. Meus olhos, cor de chocolate ao leite, estavam abatidos e com olheiras fundas. Meu cabelo, antes de um ruivo alaranjado sedoso e brilhante, agora estava opaco, chegava aos joelhos e estava mal cuidado. Minha pele, tão branca por falta do sol, continha vergões vermelhos e cortes.

Levantei-me. Era difícil, muito difícil, me movimentar com a camisa de força, mas eu consegui. Fui até o espelho e me joguei contra ele com força. Ele balançou, mas nada aconteceu.

- Me tirem daqui! Meeee tiiiiireeeeeem daaaaquiiiiiiii! - gritei. Me jogava contra o espelho repetidamente, mas nada acontecia. - me tirem, me tirem, me tirem, me tirem, me tirem, daquiii!

Depois de uma batida com toda a minha força, o espelho estilhaçou, cortando o meu rosto. 

Por um momento, uma centelha de esperança se formou dentro de mim, afinal, o espelho poderia revelar uma saída da solitária. Sorri, eu estava livre.

É claro, eu estava errada.

O espelho estilhaçado revelou uma grossa camada de vidro grosso, provavelmente blindado.

O sorriso em meu rosto desapareceu aos poucos, enquanto eu negava com a cabeça.

- Não, não, não... - murmurei. - não!

Escondi o rosto entre minhas pernas, chorando e sentindo o sangue escorrer em meu rosto. Como era possível? Aquele inferno não teria saída alguma?

Peguei com a boca um dos cacos do espelho e com muita dificuldade, comecei a cortar a minha camisa de força. Depois de alguns minutos, e eu mal conseguira rasgá-la direito, uma sirene tocou.

É claro, como eu pude me esquecer? A minha solitária era filmada 24h por dia. Eles já devem ter visto o estrago que eu fiz.

Ah, meu Deus, que essa camisa rasgue logo!

Mais sirenes. Luzes vermelhas pareciam se espalhar por todo o hospício. Eu começava a me desesperar, logo eles iriam entrar na solitária e me sedar, me drogar, ou alguma coisa assim.

Finalmente, o braço esquerdo rasgou e consegui o movimento desde braço. Depois, com muito sofrimento, com somente uma mão comecei a abrir os cintos que prendiam a camisa de força. Quando todos estavam abertos, cuspi o caco de espelho no chão e com toda a minha força, abri meus braços, rasgando toda a camisa de força. Tirei a camisa e fiquei apenas com meu sutiã preto. Gritei, em triunfo.

Corri pela solitária, tateando as paredes forradas com borracha até achar a entrada secreta. Enfim, achei um vinco na parede que não deveria estar ali. Sorri.

Puxei com força a entrada. Senti as dobradiças começarem a ceder. Meu sorriso ficou ainda maior. Puxei com mais força e a porta cedeu, caindo aos meus pés.

- Finalmente! - gritei, enquanto entrava no corredor estreito e escuro que levava para fora da solitária. 

Parei. Olhei bem para o fim do corredor, bem ao longe, uma luz brilhava. Suspirei e estendi os braços, minhas mãos encostaram nas paredes, suspirei mais uma vez e corri.

Corri como se minha vida dependesse de eu chegar aquela luz. A esperança e a liberdade entravam em mim como se eu fosse um imã. Depois de anos, eu enfim poderia ser livre.

Quando cheguei á luz, a felicidade e a esperança já haviam tomado todo o meu coração. Me ajoelhei, ofegando, com as mãos sobre o coração, agradeci á Deus por ter me dado essa chance de liberdade.

Ainda de joelhos, as lágrimas saltaram de meus olhos. Mas não eram lágrimas de tristeza. Eram de alegria.

Que durou pouco.

Ouvi um grunhido vindo do canto da sala onde eu estava. Me levantei e olhei para o lugar de onde o grunhido havia vindo.

Eu gritei a plenos pulmões. Uma criatura, que já deveria ter sido humana, me observava com olhos brancos. Sua pele era mais pálida do que a minha e estava manchada de sangue. Seus dentes estavam podres e sujos de sangue.

- o que é você?! - gritei para a criatura.

- aaaaargh! - essa foi a resposta que recebi.

A criatura avançou sobre mim, tentando me morder. Empurrei aquela coisa, mas ela continuava a avançar. Eu não sabia o que fazer. 

A criatura se jogou sobre mim, me imobilizando. Grunhindo, arreganhou a boca.

Fechei os olhos, me preparando para o fim. Mas abri novamente. Na cintura da criatura, pendia um revólver.

Essa era minha chance.

Peguei o revólver e atirei uma vez no braço da criatura que me  prendia. A criatura gritou e foi para trás. Me levantei e dei oito tiros: dois na barriga, um na perna, três no braço e dois na cabeça.

A criatura estava morta.

- o que eu fiz? - olhei para minhas mãos, sujas de sangue. Eu sabia que meu rosto estava respingado do sangue que não era meu. - como eu pude?

Aquela criatura já foi humana, e poderia voltar a ser, e eu a matei. como eu pude matar alguém? Como? Não é da minha natureza ser impiedosa e matar sem ressentimentos. Como eu tive coragem de matar alguém?

Chorando, prendi o revolver na minha calça que, antes branca, agora estava vermelha. Sentei e escondi o rosto nas mãos. Eu me sentia suja, eu matei uma pessoa.

Lembre-se que essa "pessoa" queria te matar. disse uma voz a minha cabeça. A minha consciência. Era ela, ou você.

A minha consciência estava errada, tinha que estar. Matar não tinha uma justificativa. Eu matei e isso não tem perdão.

 Levantei-me, enxugando as lágrimas. Pulei a janela que tinha parede e dei de cara com uma cena que eu guardaria para sempre na cabeça.

Na rua, várias criaturas que eram como aquela que matei, lutavam entre si. Sujas de sangue, mordendo umas as outras, esquartejando aqueles que ainda eram humanos.

O que está acontecendo com o mundo?

Sem pensar, fugi pela rua, correndo desesperadamente. Não sabia para onde estava indo, só queria fugir daquela cena. E se alguma coisa se metesse no meu caminho, eu tinha meu revólver. Não a mataria, mas pelo menos eu a feriria.

Irônico. Enfim livre, mas num mundo que não era o meu.

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