Pessoal, fugiremos um pouco da temática de nosso blog para apresentar a vocês um texto muito reflexivo a respeito de algo que tem chocado muita gente em todo lugar do mundo: O JOGO DA BALEIA AZUL. 

Até o presente momento não publicamos nada a respeito desse tema, mas acredito que muitos dos que estão lendo isso já tem um bom conhecimento sobre este assunto e sobre o que ele tem causado para seus praticantes e para com sua família. 

Peço a todos os leitores que pensam em participar deste jogo, ou que já estão participando, seja por qualquer que for o motivo, lembre-se: pode não parecer, mas há pessoas que te amam e que se importam com você. Talvez eles apenas não saibam demostrar, mas essas pessoas com certeza o amam e sofreriam por ver você sofrer, por sua perda. O mundo pode parecer difícil, as coisas podem parecer erradas, pode até parecer que ninguém te entende e por isso você talvez esteja infeliz, cansado, abatido. Mas não desista, a vida é feita de batalhas e os resultados virão de cada vitória que você tiver e, mesmo que pareça impossível, mesmo que esteja amargurado a ponto de não conseguir enxergar, a felicidade está alá, esperando por você. 

Fiquem com o texto:


Não é o jogo da baleia azul que está matando os adolescentes, é nossa insensibilidade

O suicídio já mata mais que homicídios, desastres e HIV em todo o mundo, segundo a Organização Mundial de Saúde. Isso quer dizer que o seu assassino mais provável, é você mesmo.

Entre os jovens, a incidência é maior: Na faixa etária de 15 a 29 anos, apenas acidentes de trânsito superam o suicídio. Neste grupo, as mais afetadas são as mulheres (não por acaso, o gênero que é treinado para a dependência emocional).

Sintomaticamente, o jogo da Baleia Azul é viral. São 50 desafios que envolvem automutilação e atividades arriscadas em geral. O último desafio é tirar a própria vida: só assim, eles dizem, você ganha o jogo.

“Ganhar o jogo”, para muitos de nossos adolescentes, é se livrar da obrigação de continuar vivendo – e se isso não te choca, bem, eu desisto.

Por que, afinal, é mais provável que as pessoas queiram se matar quando são jovens?

Porque os velhos já se conformaram.

Quanto mais jovem se é, mais coisas são uma questão de vida ou morte. Quando se é jovem, absolutamente tudo parece irreversível.

Na adolescência, então, é sempre tudo ou nada, então não é exatamente estranho querer abandonar um mundo que não te entende e, sobretudo, um mundo que você também não entende.

Deve ter acontecido na sua família. Ou na família de um amigo. Ou com o amigo de um amigo. Ou com o próprio amigo. Não é difícil que você conheça uma história de suicídio ou de tentativa de suicídio: acontece todo dia.

Aconteceu comigo. Na época, morri de vergonha. A única frustração foi não ter conseguido – porque eu não tinha medo de morrer, eu tinha medo de viver.

Disseram que eu só queria chamar atenção. Era falta de Deus. Falta de amor. Falta de porrada. Na verdade, não era nada disso: era depressão. E se eu não tivesse uma família e amigos que compreendem a depressão – compreendiam mesmo antes de 13 reasons why, por exemplo – talvez eu nem estivesse aqui.

Talvez eu nem tivesse descoberto que as prioridades mudam, o sol abre novamente, os anos passam e doenças psíquicas são perfeitamente – embora não facilmente – tratáveis.

Talvez eu nunca tivesse saído daquela fase em que você desiste facilmente porque afinal não há muitas razões para não desistir: você ainda não tem quase nada, você ainda não sabe quase nada, você ainda não é quase nada – e a vida te bate mesmo assim.

A questão do suicídio (entre os adolescentes, sobretudo) é urgente e inadiável. Não dá mais para trata-la como piada, embora tantos insistam. O jogo da baleia azul não é o problema: é apenas uma parte ínfima – quase desprezível – do problema.

Aliás, encaremos os fatos: o problema é que somos uma geração fodida (e enquanto não houver uma verdadeira mudança de paradigmas, as próximas gerações serão cada vez mais fodidas).

A nossa geração ainda se importa pouco com doenças psíquicas, ainda trata como loucos os psicoatípicos, comove-se com uma série bem feita mas é incapaz de se comover perante o sofrimento dos outros – o sofrimento real.

A nossa geração tem desaprendido muito sobre amor e compreensão: amar é, cada vez mais, para os fracos. Mães e pais despreparados estão, cada vez mais, surtando – por não saberem o que fazer, berram ou simplesmente ignoram.

O que antes eram paixões adolescentes fulminantes, agora são crushes: o bom e velho amor platônico com uma nova roupagem.

Vivemos tempos em que todo mundo tem a obrigação tácita de querer pouco ou nada, todo mundo tem que se bastar, ir em frente, ignorar as próprias dores, se valer sozinho.

Para uma geração que quase vive virtualmente, é pedir demais. A conta não bate.

Há – e que haja! – quem me acuse de exagerada e conspiracionista, mas não é sintomático que, justo nessa geração desapegada, bem-resolvida e feliz sob os filtros do Instagram, a Netflix seja um sucesso absoluto?

Não é sintomático, no mínimo, que a juventude do século XXI esteja trancada em casa maratonando séries no sábado à noite porque já não tem paciência (ou habilidade, nunca saberemos) para relações interpessoais?

Não é sintomático, sobretudo, que a série mais assistida da história da Netflix seja justamente uma série sobre suicídio?

Os nossos jovens estão se suicidando, e cada vez mais, porque a gente não presta atenção neles. A gente também não presta atenção na gente. Estamos preocupados em fazer piada de suicídio na internet e, quem sabe, ganhar uns likes. Na geração dos egos inflados, não sobra espaço pra mais nada.

Não é o desafio da baleia azul que está matando os nossos adolescentes. É a nossa insensibilidade.

4 comentários:

  1. Ótimo texto! Eu também fico tão triste quando vejo que muitos acreditam que a depressão é "falta de surra" ou frescura. Não é nada disso, é um problema sério. Pena que as pessoas não encaram dessa forma. Preferem te julgar, culpar você. São atitudes como essa que fazem as pessoas tirarem a própria vida. Infelizmente é mais fácil apontar o dedo para o outro do que entender o que cada um sente. Vivemos em tempos de ódio.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. E vivemos em tempos de ignorância e egoísmo.

      Tantas são as coisas criadas pelo homem capitalista e que são totalmente dispensáveis, mas que utilizamos como se fosse uma coisa que não pudéssemos viver sem, nos iludindo, permitindo que ideias e convicções erradas tornem-se nossas convicções, enganando a nós mesmos, enquanto as coisas que realmente importam como o caráter, o respeito, a compreensão o amor e o bem, deixamos apenas nas palavras, quando no ato, no executar, na prática, não o fazemos da forma como deveria ser feito.

      Clamamos por isso quando estamos no buraco, mas simplesmente negligenciamos quando temos a oportunidade de o fazer para aqueles que precisam e, muitas das vezes, se fazemos, fazemos o errado, o contrário.

      Essas pessoas precisam de atenção, de compreensão, de carinho e sobretudo de AMOR, não uma opinião mesquinha, não a insensibilidade daquele que se permitiu ser insensível, que se permitiu não se importar com os demais e que acha que agir desta forma é o correto. Isso, claro, para os que conseguem achar alguma coisa, outros simplesmente compartilham ideias que nem suas são.

      Excluir
    2. Alan Douglas na verdade o que pessoas depressivas precisam é de tempo e medicação, além disso pessoas se suicidam por razões diferentes, alguns por tristeza, outros por se sentirem sós, alguns tem medo, e outros apenas acham a vida tediosa, não acho que amor tenha a ver com isso .-.

      Excluir
    3. Yuki, eu acredito que amor, carinho e atenção são sim necessários, pois se uma pessoa não os recebe a tendência é se afundar cada vez mais na depressão, entende? Somente os medicamentos e o tempo não são capazes de resolver isso, é preciso mostrar que a pessoa é importante, que é amada por alguém. Se não existisse o amor o que seria de nós?

      Excluir

Pages