Pois é... depois de uma pausa (e tanto), discussões sobre o encerramento da saga, decidimos que vamos voltar. E agora, com força total. Matem a saudade aí, eu sei que vocês estavam.

Nome Completo: Reyna Salvatore
Idade: 16
Data de Nascimento: 13/10/1995
Nasceu em: Veneza - Itália
Atualmente está: Local desconhecido
Condição Física: Magra, 40kg, altura: 1, 75
Características: Não mais tão inocente assim, Esquizofrênica, Observadora, Impulsiva, Superdotada (embora não demostre sua inteligência)
Se encontra: Dirigindo rumo ao desconhecido
*Antiga Ocupação: Antes de ser internada, era estudante.

A partir do momento em que pisei no acelerador, me arrependi do que havia feito.

Esse sempre fora um dos meus grandes problemas: ser impulsiva. Eu deixava a raiva tomar conta de mim, e acabava fazendo coisas das quais eu me arrependeria depois. Sempre fui assim.

Parei o carro e saí dele. Comecei a dar a volta para me sentar no capô, porém algo me impediu. Parei e bufei, olhando para meu cabelo, preso na porta do carro. Ficar sete anos sem cortar dá nisso.

Voltei e abri a porta, puxando o cabelo ruivo quebradiço e fraco para fora. 

Dei a volta no carro e sentei-me no capô. Peguei meu cabelo, sujo e oleoso, e comecei a penteá-lo com os dedos. Aquele cumprimento com certeza iria me atrapalhar — estava até os joelhos. Puxei todo o cabelo para o lado e comecei a fazer uma trança. Demorou muito tempo, pois eu já tinha perdido a prática e também porque eu tinha muito cabelo. Quando terminei, usei o próprio cabelo para dar um nó na ponta. A trança havia chegado à minha cintura. Ainda um comprimento muito grande, porém não iria atrapalhar tanto.

Deitei no capô do carro, pensando em Pedro. Eu o havia condenado. Se os cinco garotos que estavam atrás dele não o matassem, as criaturas que eu não sei o que são iriam.

Ele não merecia isso. Sim, nós tivemos uma pequena briga, mas não era motivo para eu tê-lo deixado para trás. Foi uma atitude digna de nojo da minha parte.

Aninhei-me no capô. A noite estava quente, e não parecia haver nenhum perigo em dormir do lado de fora do carro. Nenhuma criatura por perto. Eu poderia dormir em paz.

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— Ora, ora, ora. — fui acordada por uma voz grave vinda do meu lado. — Se não é a garota que estava ajudando você a fugir, Pedro.

Despertei completamente, dando um pulo e me sentando. O céu indicava que seria por volta das cinco da manhã, o sol já iria nascer. Eu havia dormido muito.

Mas o que mais me assustou foi ver, ao redor da viatura, cinco garotos de provavelmente a mesma idade, dois deles segurando Pedro com uma faca no pescoço dele. Tremi de medo.

— Ela não tem nada a ver com isso, Daniel. — Pedro disse, falando com dificuldade por causa da faca.

Daniel, o garoto que havia falado, estava ao meu lado, me encarando com um olhar de desejo, assim como os outros quatro.

Eu precisava sair dali.

— Au contraire, mon ami. — Daniel riu, sem tirar os olhos de mim. — Ela pode ter tudo a ver com isso.

— O que vocês querem? — perguntei, aterrorizada.

— Ah, não precisa ter medo deles, amor. — disse Daniel, se aproximando e passando a mão em minha perna. — Eu vou te proteger.

Dei um tapa em sua mão.

— Não toque em mim. — adverti.

— Uou! — disse um dos garotos que segurava Pedro. Era ruivo como eu e sardento. — Ela é durona. Gosto de duronas.

— Não se atrevam a tocar ne... — Pedro começou a falar, mas o garoto que segurava a faca a apertou contra seu pescoço.

— O que vocês querem? — repeti a pergunta.

— Já que o Pedrinho aqui — Daniel apontou para Pedro. Dentre os cinco, ele parecia ser o líder. — não está com o nosso dinheiro, estávamos pensando em ele usar outra forma de pagamento. O corpo da namoradinha ruiva dele serve.

— Ela é gostosa. — diz um garoto com cabelos castanho-claros. — Não muito, mas serve.

Arregalei os olhos.

— Ela não é minha namorada. — disse Pedro com dificuldade. — E, se vocês tentarem fazer algo com a Reyna, eu juro que eu vou...

— Fazer nada. — um garoto moreno de olhos verdes que estava do outro lado do carro completou. — Não vai fazer nada, vai ficar só assistindo enquanto a gente faz o que a gente quiser com a ruiva. Todos nós.

Comecei a tremer de medo. Não. Não era possível que isso estivesse acontecendo comigo.

Tomada por uma súbita onda de coragem, desatei a correr, mas Daniel segurou a ponta da minha trança, e me jogando no chão.

Eu sabia que o meu cabelo ia me trazer problemas.

Daniel se deitou por cima de mim, e mesmo eu me debatendo, não surtiu nenhum efeito. Ele era dez vezes mais forte do que eu.

— E eu vou ser o primeiro. — ele disse.

— Não começa, Daniel. — resmungou o garoto que estava com a faca no pescoço de Pedro. Era moreno com os olhos azuis. — Eu a vi primeiro.

— Mas quem deu a ideia de usar a ruivinha como pagamento foi minha. — disse o ruivo.

— Mas eu sou o líder. — Daniel replicou.

— Quem te elegeu o líder? — o moreno de olhos verdes perguntou.

Daniel afrouxou o aperto.

— Eu. — ele disse, olhando para o outro. — Algum problema, Roberto?

Roberto riu de escárnio.

— Você não é o líder. — ele disse. — Eu sou.

— Quem falou? — o ruivo cruzou os braços. — Que eu saiba, eu sou o cérebro desta operação.

— Isso mesmo, Felipe. Cérebro. Não líder. — o moreno de olhos azuis disse.

Aproveitei a discussão deles e consegui me soltar do aperto de Daniel. Corri para o carro, abri a porta e puxei a ASG Dan Wesson, apontando para Daniel.

— Eu disse — sibilei. —, para não tocar em mim.

E atirei em seu peito.

Os outros garotos ficaram estáticos. Apontei a arma para Roberto e atirei. Ele caiu morto. Depois, mirei no moreno dos olhos azuis. Ele soltou Pedro, como se pedisse piedade, e eu atirei. Me voltei para o de cabelos castanho-claros. Atirei.

Deixei o ruivo por último. Hesitei um pouco, já que ele era parecido demais comigo — os cabelos, os olhos castanhos, a pele branca, até a altura —, mas ele dera a ideia de cinco garotos me estuprarem, um seguido do outro. Atirei sem piedade, duas vezes.

Pedro me encarava com medo na expressão, mas também outra coisa: respeito e solidariedade.

E, naquele momento, eu percebi.

Eu não conseguiria sobreviver à esse mundo sendo quem eu era.

Eu precisava me tornar outra pessoa.

Eu precisava me tornar outra... coisa.

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