A APOSTA

Eu e um amigo havíamos ouvido algumas conversas sobre uma lenda na escola, era sobre a floresta que ficava nos limites da cidade, diziam que se você entrasse lá durante a lua nova, nunca conseguiria sair de lá. Como bons adolescentes, eu e meu amigo apostamos que deveríamos entrar lá na próxima lua nova e ficar 20 minutos cada um dentro da floresta.

Alguns dias depois fomos até lá. A floresta era muito antiga, então todas as árvores eram bem grandes. A floresta era enorme, e normalmente muito escura, agora que era lua nova, estava ainda mais escura do que normalmente. Decidimos no Jo-Ken-Po quem iria primeiro e, eu perdi. Tentei entrar da forma mais corajosa possível dentro daquela floresta, porém, quando entrei lá, minha visão escureceu, eu mal conseguia ver depois de alguns palmos do meu nariz.

Eu estava com muito medo, mas eu queria vencer aquela aposta, eu ainda conseguia ver a saída, pensei que se eu ficasse ali por perto eu não iria me perder, faziam 5 minutos que eu estava dentro daquela floresta, andando pelos lados.

10 Minutos, e eu estava cada vez com mais medo, mas eu ainda estava perto da saída, inclusive podia ver a sombra de meu amigo ali por perto, ele ainda estava me esperando, e isso me deu alguma segurança.

15 Minutos, eu estava quase acabando, prestes a vencer a aposta, eu me joguei no chão e me encostei em uma enorme árvore, apenas olhando para o cronômetro que eu havia levado para a floresta, de algum modo o local parecia ainda mais escuro, eu olhei ao redor e me desesperei.

- Cade a saída? Eu praticamente não me mechi, como pode ter sumido? - Eu na mesma hora me levantei e comecei a correr, dane-se o horário, eu queria sair dali, mas mesmo assim, não deu certo, eu apenas me perdi mais ainda.

20 Minutos, eu acho, eu tinha jogado o relógio longe, em um momento de raiva, e não o achei mais. Meu raio de visão diminuia na mesma proporção que meu desespero aumentava.

Após alguns minutos eu já não estava contando mais, não estava mais ligando para isso, eu sabia que não iria achar o caminho de volta se continuasse assim, foi nesse momento que eu pensei: "Foda-se", e saí correndo na maior velocidade que eu podia, vez ou outra trombando em árvores e tropecando em raízes. Eu corri por muito tempo, até que eu comecei a ver uma figura branca na minha frente, mas era tarde demais para desviar, eu acabei trombando naquilo... Era um ser humanoide, vestindo uma roupa que parecia bastante antiga, e era muito pálido. Eu queria correr dali, mas eu não tinha mais forças, fiquei paralisado na frente daquela figura, que segundos depois abriu os lábios:

- Não precisa ficar desesperado, eu uma vez já consegui sair daqui... - Eu fiquei feliz ouvindo aquelas palavras, mas nunca vou me esquecer do que ele disse depois. - Se me lembro bem foi em 1880.