Olhei pra ele. Permanecia sentado no mesmo lugar, porém imóvel com um olhar estático para o canto superior da parede à sua frente. Nem piscava. Eu o chamei pelo nome uma, duas, três vezes mas ele não se moveu e tampouco virou a cabeça para atender meu chamado. Nada. Olhar fixo e espantado, boquiaberto.
Levantei da cadeira e me sentei ao seu lado chamando-o novamente. Nenhuma reação. O seu olhar parecia fitar alguma coisa no canto da parede. Nesse instante percebi que havia algo de anormal com ele. Um comportamento totalmente atípico para uma criança daquela idade. Bebês de um ano e meio só ficam quietos quando dormem e definitivamente ele não estava meditando e nem pensando na vida.
Pus a mão em seu ombro e o sacudi chamando-o novamente. Para o meu espanto ele continuou com o corpo e a cabeça inertes. Foi aí que ele movimentou apenas seus olhos em minha direção e tornou voltar cautelosamente o olhar para o bendito canto na parede como se quisesse dizer – olhe aquilo!! Algo definitivamente prendera a sua atenção. Não havia nenhuma sombra, reflexo ou mancha que justificasse tamanha imersão de sentidos. Seus brinquedos prediletos preteridos por um canto de parede vazio.
Só sei que naquele momento assim do nada, me arrepiei até o cabelo do dente! Eu não via nada, mas meu filho certamente estava vendo. Foi como se alguém estivesse lá olhando pra ele e de alguma forma atraindo sua atenção. A reação ou a falta de reação dele me assustou. Repito, foi atípico.
Ainda arrepiada peguei meu filho no colo e desci as escadas o mais rápido que eu pude. Horas depois isso ainda era assunto na família. Nicholas já estava novamente interagindo e eu me sentia uma insana por me deixar influenciar, afinal eu, a cética, senti arrepios que não se explicaram…
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