Eu ouvia histórias sobre o doente mental do facão que escapou do manicômio durante toda minha infância. Para quem cresceu num raio de 2km do Hospital Psiquiátrico de Weston, não teria como não ouvir tais histórias - mesmo vivendo em uma fazenda cercada pela mais densa floresta do Oeste de Virginia. Mesmo se não tivéssemos ouvido coisas essas coisas assustadoras lá na escola, nossos pais nos teriam dito tais contos perto da época de Halloween. 


Então, quando eu tinha 14 anos, sabendo que meu irmão tinha ouvido as mesmas histórias, decidi assustá-lo do jeito que eu estava com medo à alguns anos atrás. No barracão dos fundos de nossa casa tinha um facão, eu o peguei e manchei sua lâmina com massa de tomate. Eu coloquei uma máscara de Halloween que eu tinha quando mais novo e sabia que ele não via há vários anos, coloquei uma das camisolas cinzentas de meu pai envolta da cabeça, na escuridão Billy não conseguiria diferenciar borracha da mascara com pele de verdade.

Meus pais estavam em uma festa de Halloween, e, naquela noite, a festa passaria das meia noite. Já eram 22hrs e Billy tinha adormecido no sofá, a luz fraca da TV iluminando a nossa sala. Desliguei a TV, assim, a única luz que iluminava meu irmão era o luar nebuloso que atravessava a janela.

Me posicionei atrás do sofá por alguns segundos. Ele estava lá dormindo tão pacificamente como a própria lua. Eu dei um empurrão no sofá e levantei meu braço para cima, Billy acordou para ver que a lâmina manchada de vermelho pairava sobre ele. Ele soltou um grito, rolou no chão e ficou lá, tremendo.

Algumas horas mais tarde, depois de eu ter chamado os meus pais e contado a eles o que eu tinha feito e que Billy não se movia mais, eles voltaram para casa e encontraram-no catatônico em sua cama. Eu o tinha colocado lá depois de dez minutos ou mais que ele ficara sem se mover, não sabendo mais o que fazer. Depois de alguns gritos e uma discussão frenética e confusa, eles admitiram que não sabia bem o que fazer. Ele estava respirando bem, e não havia nenhum sinal de lesão física.

Depois de alguns minutos, meu pai ligou para o hospital e descreveu a situação de Billy para um dos médicos que fazia plantão à noite. O médico disse que esses sintomas não eram incomuns depois de um susto grave e que Billy provavelmente estaria melhor pela manhã. 

Ele não melhorou.

Alguns dias mais tarde, depois de tudo quanto é teste que tentaram fazer, Billy fora levado ao Hospital Psiquiátrico de Weston. Um psicólogo o avaliou bem, fez um monte de testes e nos disse que o estado da mente de Billy havia "quebrado". Todo mundo disse que não era culpa minha meu irmão estar assim, psicótico, mas eu ainda não tenho tanta certeza de que minha mãe e meu pai não me culpem. 

Billy ficou em Weston, até ele completar seus dezoito anos e então, não importou o que os médicos pensavam, eles tiveram que deixá-lo ir. 

Ele vagava por um tempo, e às vezes ele parecia estar se dando bem. Ele trabalhou em fazendas próximas e às vezes lavava pratos e esfrega pisos em restaurantes locais. Às vezes, ele ficava com a mãe e o pai, mas ele principalmente dormia em uma barraca na floresta.

Os médicos em Weston sempre disseram que Billy um dia poderia enlouquecer. Poucos anos depois de sua libertação foi o que aconteceu. Durante seu trabalho em alguma fazenda, ele encontrou num galpão um facão que não era tão velho ou maçante e com ele, fez uma carnificina, matando 12 dos moradores da região. 

Isso foi há 17 anos atrás, e eu às vezes ainda acordo de um sonho no meio da noite onde a lâmina do facão esta pairando sobre minha face. Não passa um dia sem que eu me lembre das 12 pessoas que o Billy fatiou, alguns deles com suas gargantas cortada, alguns com as tripas para fora da barriga. A maioria deles tinha pelo menos um dos olhos arrancados.

Eu não sei por que algumas pessoas enlouquecem e fazem um rastro de sangue por onde vão mas, quando meus filhos eram pequenos, eu não lhes contei sobre nenhuma histórias de fantasmas, Serial-Killers ou qualquer outro lixo como esses. E, quando Jason chegou da escola chorando porque ele tinha ouvido falar de um outro garoto sobre seu tio, o psicopata, me sentei ao seu lado e lhe expliquei os fatos, a história de seu tio. Jason ficou imóvel por alguns minutos. Me arrependi de tê-lo contado.

Só espero que não seja hereditário.

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